Veja a média do aumento em cada região e entenda os motivos por trás da tendência de elevação das tarifas no mundo todo, segundo relatório do Global Water Intelligence
Novo relatório do Global Water Intelligence (GWI) mostrou que o aumento médio na conta de água e esgoto atingiu um recorde no mundo todo, chegando pela primeira vez na casa dos dois dígitos: foi de 10,7% entre julho de 2023 e julho de 2024, o maior já registrado pela Pesquisa de Tarifas de Água (Global Water Tariff Survey), que existe desde 2011.
A média foi calculada usando dados de tarifas de 616 cidades em 190 países, com base em um consumo mensal de 15m³.
Segundo especialistas do GWI, embora o número impactante seja parcialmente impulsionado por aumentos de três dígitos em países como a Argentina, reflete uma tendência mais ampla de elevação nas tarifas em todo o mundo, graças a uma combinação de custos crescentes, expansão de infraestrutura e mudanças climáticas.
No ano passado, o aumento médio já havia sido de 8,2%, o segundo maior até então.
E a escalada não deve parar por aqui. “Ainda temos um longo caminho a percorrer: a taxa média combinada de crescimento das tarifas de água nos últimos sete anos é de apenas 2,3%”, disse Christopher Gasson, do GWI.
Entenda os principais motivos para os aumentos recordes, confira a média de aumento em cada região, incluindo o Brasil, e saiba onde o nosso país se posiciona no ranking das contas de água mais caras:
O que está por trás dos aumentos de tarifa?
De acordo com o GWI, no geral, as concessionárias de saneamento buscam aumentar suas receitas para adquirir estabilidade financeira e investir em reformas necessárias, bem como na ampliação de sua rede e na sustentabilidade de seus serviços.
Por conta da pandemia de Covid-19, muitas companhias adiaram o aumento das tarifas ou até reduziram seus preços. Desde 2022, no entanto, tentam recuperar o tempo (e a receita) perdidos, com aumentos médios recordes em várias regiões.
Infelizmente, a recente queda nas taxas de inflação não fez muita diferença para desacelerar os aumentos. Isso porque outros fatores têm impactado também os custos das operações, como o preço da energia e a maior necessidade de despesas de construção.
Não só as tarifas ficaram estagnadas durante a pandemia; as obras e investimentos também. Agora, as concessionárias precisam financiar atualizações de infraestrutura e projetos de expansão principalmente para ter resiliência aos impactos das mudanças climáticas. O Brasil, por exemplo, viveu em 2024 uma estiagem pior que a de 2015, e há sérias preocupações sobre uma provável crise hídrica em 2025/26.
Por região: raio-X dos aumentos de tarifa em todo o globo
Na América do Norte, o aumento médio foi de 5,5%, o maior desde 2016. Em Los Angeles, por exemplo, as tarifas aumentaram em 36,8% para ajudar a financiar infraestrutura para tornar a cidade resiliente à escassez de água. Em Phoenix e Charleston, onde as taxas aumentaram 18,7% e 8,6% respectivamente, o objetivo é atualizar a rede.
A Europa Ocidental viu um aumento médio de 6,2%, recorde histórico para a região. A última vez que ela teve aumento superior à América do Norte havia sido em 2012. As motivações principais para a subida seriam a crise energética; investimentos de capital para se proteger contra as mudanças climáticas; e a necessidade de cumprir com as novas diretrizes europeias.
Em Nice, na França, as taxas combinadas aumentaram 21,9%. Na Alemanha, Nuremberg teve escalada de 24,6% devido a altas taxas de juros e necessidade de investir na renovação da infraestrutura de esgoto da cidade.
Na Europa Oriental, a situação é ainda pior: o aumento médio foi de 11,7%. Bucareste (Romênia) viu seu custo aumentar em 28,6%; Lodz e Sopot, na Polônia, em 36,6% e 29%, respectivamente. Enquanto na Ucrânia a maioria das tarifas estagnou para não agravar as dificuldades da guerra, as despesas com serviços públicos cresceram na Rússia à medida que as sanções internacionais começaram a pesar.
O sul da Ásia teve taxa de crescimento anual de menos de 1%, o que não foi suficiente para elevar as tarifas já baixas. Por lá, apenas cinco cidades implementaram aumentos, sendo o maior deles em Colombo, no Sri Lanka.
O Leste Asiático Pacífico e a América Latina e Caribe também tiveram seu maior aumento médio de todos os tempos, puxados especialmente por países como a Malásia (onde a tarifa não subia há anos) e a Argentina.
Na América Latina, por exemplo, enquanto o aumento médio foi 34,6%, se excluirmos a Argentina inflacionada da conta, caímos para 5,2%. No Brasil, em específico, o aumento combinado entre julho de 2023 e julho de 2024 foi de 6%, enquanto na Argentina foi de 613%.
Apesar disso, a tarifa de água por aqui ainda é mais do que o dobro do que a de nossos hermanos, no entanto - o custo por metro cúbico no Brasil é de US$2,08, versus US$0,97 para os argentinos, considerando o valor pago em dólares com base na faixa de consumo mensal estudada de 15 m³.
Algo similar ocorre no Oriente Médio e Norte da África. Por lá, o aumento foi o segundo maior de 2024, ficando em 20,8%, mas, excluindo-se a Turquia, cai para 1%.
Na África Subsaariana, os maiores aumentos foram em cidades onde as tarifas de água eram as mesmas desde pelo menos 2019. De forma parecida com o que ocorreu com o Paquistão no ano passado, grandes aumentos foram necessários após longos períodos de estagnação, ao contrário de cidades que implementaram aumentos anuais menores.
Quem deve pagar mais para ter água: todo mundo ou somente os grandes consumidores?
Indo além dos aumentos médios, a forma como as tarifas são estruturadas, entre taxas fixas e variáveis, têm efeitos colaterais no preço final para o cliente, e até mesmo no seu comportamento de conservação de água.
Em Tashkent (Uzbequistão), um aumento de 152,6% foi implementado para investir na resiliência à escassez. A cidade quer introduzir uma estrutura de tarifa volumétrica na qual os maiores consumidores paguem mais por metro único, em oposição ao preço único atual, como uma forma de desencorajar o consumo excessivo de água.
Na direção oposta, Salt Lake City (EUA) vai ao encontro de uma taxa fixa alegando que uma diminuição no consumo afetou as receitas da concessionária.
Esse paradoxo das empresas - ter que encorajar a preservação da água apesar do fato de que suas receitas provêm da venda de água - está se tornando cada vez mais agudo à medida que as mudanças climáticas intensificam a escassez.
O grande aumento nas tarifas, assim, pode chegar como uma proteção (tanto ambiental quanto financeira) contra secas e eventos extremos, como inundações.
Onde a água é mais cara e onde é mais barata no mundo?
Seattle, nos EUA, tem a coroa de cidade com a água mais cara do mundo. A Irlanda tem água gratuita, então sempre será o local mais barato - pelo menos até introduzir alguma tarifa.
De forma geral, as nações insulares seguem tendo os maiores preços, devido à dificuldade histórica de se obter água potável nas ilhas, e sua dependência da dessalinização. As Ilhas Virgens Americanas recuperaram o primeiro lugar este ano, após uma ligeira redução nas tarifas das Ilhas Cayman (Reino Unido).
Confira o top 10 dos países com a água mais cara do mundo:
lhas Virgens Americanas
Ilhas Cayman (Reino Unido)
Dinamarca
Anguilla (Reino Unido)
Bermudas (Reino Unido)
Alemanha
Islândia
Mônaco
Curaçao
Noruega
O Brasil aparece em 65º lugar no ranking de 190 países, atrás de nações como EUA (15º), África do Sul (47º), Uruguai (58º) e Chile (63º), mas com água mais cara que Colômbia (66º), Japão (83º), México (87º), Argentina (96º), Rússia (102º), Peru (113º), China (135º) e Índia (181º).
Fora a Irlanda, Egito e Líbano têm as águas mais baratas do mundo.
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