O Brasil desperdiça atualmente cerca de 8.000 piscinas olímpicas de água tratada por dia, pior índice dos últimos cinco anos de estudo
O mais novo estudo do Instituto Trata Brasil mostra que o país desperdiça atualmente cerca de 8.000 piscinas olímpicas de água tratada por dia. No relatório anterior, esse número era de 7.800.
A edição “Perdas de Água 2023 (SNIS 2021): Desafios para Disponibilidade Hídrica e Avanço da Eficiência do Saneamento Básico no Brasil”, feita em parceria com a GO Associados, foi elaborada a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), com ano base 2021. Baixe o PDF completo aqui.
Infelizmente, um dos mais importantes indicadores medidos pelo relatório, o Índice de Perdas na Distribuição, tem apresentado piora ano após ano, inclusive de modo mais incisivo recentemente. Entre 2017 e 2021, houve um aumento de dois pontos percentuais. Essa ineficiência, devida a fatores como vazamentos, má infraestrutura, erros de medição e consumos não autorizados, faz com que mais de 40% da água tratada não chegue às residências.
Para entender o impacto do controle de perdas, considerando-se somente as perdas físicas (vazamentos), o volume (3,8 bilhões de m³) seria suficiente para suprir aproximadamente 67 milhões de brasileiros em um ano, cerca de duas vezes o número de habitantes sem acesso ao abastecimento (cerca de 33 milhões).
Já em relação ao meio ambiente, a diminuição do desperdício implicaria na disponibilidade de mais recurso hídrico para a população sem a necessidade de captação em novos mananciais, um dos maiores desafios do saneamento.
Confira abaixo os principais dados do relatório, e saiba como as empresas brasileiras podem ajudar no cumprimento das metas de saneamento nacionais:
Desperdício por região: Sudeste se mostra campeão de ineficiência
Entre 2017 e 2021, a região que mais apresentou piora no desperdício foi o Sudeste, com aumento de 3,62 pontos percentuais. Já a região Norte melhorou, com redução de 3,98 pontos percentuais nos últimos cinco anos, ainda que permaneça tendo o maior índice de perda dentre as regiões brasileiras.
Realizando um balanço entre os 27 estados brasileiros, mais da metade apresentou um índice de perdas maior que a média nacional (de 40,3%). O estado de Goiás foi o destaque positivo (28,54%).
Em 2021, as médias de perdas por ligação também ficaram fora do padrão de excelência de 216 L/ligação/dia em todas as regiões, sendo a Centro-Oeste a que chegou mais perto de cumpri-lo, e a Norte a mais longe.
É importante ressaltar, no que diz respeito a esse indicador, que ele não é necessariamente comparável entre regiões, uma vez que tende a aumentar quanto maior for o volume de água produzido ou quão maior for a taxa de ocupação de uma região.
E em comparação com o cenário internacional?
O estudo usou dados da International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities (IBNET) para comparar a situação do Brasil com outros países. Vale observar que a periodicidade de coleta de informações varia bastante entre eles.
Tendo como baliza o Índice de Perda de Faturamento Total (IPFT), em 2021, o Brasil registrou um IPFT de 40,9%, o que é pior do que países como Camarões (40%), Tanzânia (37%), Etiópia (29%), China (21%), Estados Unidos (14%), entre outros.
Mesmo regionalmente, o Brasil apresenta resultados insatisfatórios. Em comparação com a América Latina, de acordo com a Asociación de Entes Reguladores de Agua Potable y Saneamiento de las Americas (ADERASA), aparecemos em sexto lugar dentre os dez países analisados, mais próximo do último colocado (Uruguai, com 51%) do que do primeiro (Bolívia, com 27%).
Municípios brasileiros: destaques positivos e negativos
O relatório também reuniu os 20 municípios brasileiros dentre os 100 de maior população que obtiveram o melhor desempenho no Índice de Perdas na Distribuição no período entre 2017 e 2021, ou seja, que mais evoluíram no controle de desperdício.
O destaque vai para Cariacica (ES), que apresentou a maior redução de desperdício nos últimos anos. Outras nove dessas 20 cidades com boa redução de perda ficam no Sudeste, com destaque para Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.
No geral, os níveis médios de perdas na distribuição dessas 100 cidades são inferiores aos índices nacionais (36,5%, contra 40,3%). Apesar disso, apenas oito se encontram nos padrões de excelência estabelecidos como meta para 2034, ou seja, de 25% em perdas na distribuição e de 216 L/ligação/dia em perdas volumétricas.
Por outro lado, mais de 36 municípios perdem mais de 45% da água potável na distribuição. O pior desempenho é de Porto Velho-RO, com 77,21% de desperdício.
Em números: quanto o Brasil poderia ganhar com a redução das perdas hídricas?
O relatório levou em conta três cenários para calcular os possíveis ganhos econômicos ao país com a redução das perdas: o cenário otimista (chegar a 15% de perdas); o realista (25%); e o pessimista (35%).
Mesmo os 15% do cenário otimista, enquanto meta, ainda fica acima de índices já alcançados por países como Estados Unidos e Austrália. Ou seja, embora desafiador, é possível.
Exceto pelo cenário pessimista, os demais objetivos são mais ambiciosos do que o estabelecido pelo Plano Nacional de Saneamento (Plansab) em 2013, que previa um índice de perdas de 31% em 2033. O cenário realista foi estabelecido pela Portaria 490/2021.
Considerando a meta de 25%, o potencial de ganhos brutos é de R$ 54,8 bilhões até 2034. Caso sejam considerados os investimentos necessários para a redução de perdas, o benefício líquido gerado seria da ordem de R$ 27,4 bilhões em 13 anos.
Como aumentar a eficiência hídrica de sua empresa?
Diversos objetivos do país, como a universalização do saneamento básico, dependem diretamente dos esforços para controle e redução de perdas de água. No entanto, ao invés de haver evolução em relação ao tema, a situação tem se agravado com o passar do tempo.
As empresas podem desempenhar um papel significativo na conquista desses objetivos, diminuindo o desperdício e aumentando sua eficiência hídrica.
Uma das formas de se alcançar isso é com sistemas de abastecimento alternativos, como o modelo de negócios WAAS (“Water as a Service”, em inglês). Nele, a empresa de saneamento NeoWater fica responsável por projetar, implementar, operar e manter diversas soluções de forma exclusiva para sua empresa, sem necessidade de qualquer investimento da sua parte.
Estamos falando de tecnologias como poços artesianos, captação de água da chuva, reuso de efluentes sanitários e monitoramento IoT constante do uso de água, a fim de otimizar o consumo desse recurso, eliminar falhas na sua distribuição, e identificar e corrigir rapidamente desperdícios e vazamentos.
Quer saber mais sobre o WAAS? Clique aqui ou entre em contato conosco! Nossa equipe de especialistas está pronta para lhe ajudar a ter um sistema de abastecimento próprio com as melhores práticas de eficiência hídrica e sustentabilidade do mundo.
Yorumlar