Enquanto crises e racionamentos de água se tornam mais comuns no mundo todo, negócios que priorizam a gestão da água e aumentar sua segurança hídrica se saem melhor financeiramente
Segurança hídrica é um conceito que se refere à disponibilidade de água em qualidade e quantidade suficientes para satisfazer as necessidades humanas, as atividades econômicas e a conservação de ecossistemas.
Por esse motivo, o termo é frequentemente usado para significar um conjunto de práticas voltadas para a redução de riscos relacionados à falta de água e à má gestão desse recurso, desde escassez até inundações.
Entenda o que é segurança hídrica e qual a sua importância para a indústria e conheça as principais práticas que você pode implementar para gerenciar os riscos hídricos em seu negócio:
O que é segurança hídrica?
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), segurança hídrica tem a ver com “assegurar o acesso sustentável à água de qualidade, em quantidade adequada à manutenção dos meios de vida, do bem-estar humano e do desenvolvimento socioeconômico”.
Ou seja, existe segurança hídrica quando há disponibilidade de água em quantidade e qualidade suficientes para toda a sociedade utilizar e para os negócios crescerem, sem que isso afete os ecossistemas aquáticos.
Além disso, o conceito implica que o acesso à água vem acompanhado de um nível aceitável de riscos hídricos, como secas e inundações.
A avaliação da segurança hídrica (de um país ou de um negócio) envolve entender a disponibilidade desse recurso natural em sua região, bem como os diferentes riscos envolvidos com a má gestão da água localmente.
Fatores como a mudança climática, a poluição de rios e lagos, o desmatamento (que afeta o regime de chuvas), a urbanização, a construção de barragens, o aumento populacional e o crescimento econômico desordenado são todos componentes dos riscos hídricos que o Brasil enfrenta.
Plano Nacional de Segurança Hídrica: o que é?
O Plano Nacional busca um cenário ideal de segurança hídrica, com infraestrutura planejada, dimensionada, implantada e gerida adequadamente a fim de manter um equilíbrio entre a oferta e a demanda de água e a controlar situações de risco, como a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos.
O programa foi criado pela ANA (Agência Nacional de Águas) e pelo Ministério de Desenvolvimento Regional como resposta às crises hídricas que afetaram o país recentemente, principalmente entre os anos de 2012 e 2017.
Essas crises foram resultado de vários fatores combinados, como uso e ocupação desordenados do solo, aumento progressivo da demanda de água, deficiência em investimentos em infraestrutura hídrica e falta de chuvas.
Segundo projeções da agência, a demanda hídrica de diversos setores, incluindo a população e as atividades econômicas, pode alcançar cerca de 2.600 m³/s em 2030, o que representa um aumento de 200% em relação à situação atual, e de quase 2.000% em 100 anos (em relação à demanda estimada de 1931).
Tal aumento deve gerar novas crises. Apesar de o Brasil ter as maiores reservas de água do mundo, também possui uma distribuição altamente desigual ao longo do território, além de má gestão.
Por exemplo, cerca de 80% de toda água disponível no país se encontra na Região Hidrográfica Amazônica, onde vive apenas cerca de 9,2% da população brasileira. Por outro lado, a Região Hidrográfica Sudeste abriga aproximadamente 47,6% da população brasileira e dispõe de apenas 1,7% de toda água nacional.
Para piorar a situação, entre as áreas de infraestrutura no Brasil, o setor de saneamento é o que apresenta o maior déficit histórico em investimentos. Por exemplo, quase metade da população nacional ainda não tem tratamento de esgoto, e cerca de 17% não conta sequer com abastecimento de água.
Esse quadro, somado a perdas no abastecimento e má qualidade, compromete os ecossistemas, a saúde da população e o desenvolvimento econômico.
O Plano Nacional de Segurança Hídrica estabelece diversas medidas a serem cumpridas até 2035, variando de acordo com a região e divididas em três categorias: estudos e projetos, obras e institucional. É possível conferir todas elas neste documento criado pela ANA.
A bola da vez da sustentabilidade: segurança hídrica
Infelizmente, eventuais crises hídricas só devem piorar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em menos de quatro anos, metade da população mundial viverá em áreas com escassez de água.
De acordo com Thomas Schumann, fundador da Thomas Schumann Capital, empresa que criou índices de água para investimentos nos EUA e na Europa, o prejuízo financeiro desses riscos hídricos para os negócios são projetados em "US$ 300 bilhões, ou cinco vezes mais se não lidarmos com eles”, confirmou disse à Bloomberg.
Embora a maioria das discussões ambientais se concentre nas emissões de gases de efeito estufa, nove dos dez maiores riscos enfrentados pela humanidade estão ligados à falta de água, explicou Schumann.
A água é insubstituível. As empresas podem até continuar operando enquanto poluem e lançam grandes quantidades de carbono na atmosfera, mas, sem acesso à água, muitas simplesmente não sobreviveriam.
Isso é motivo suficiente para os negócios priorizarem a gestão da água. Também é a razão pela qual os investidores usam cada vez mais a segurança hídrica como um “representante” para a segurança climática.
O índice “TSC Water Security Index” da Thomas Schumann Capital, que inclui cerca de 550 das maiores empresas dos EUA e 225 ações de grande capitalização da zona do euro, dá destaque a empresas com pegadas hídricas e exposição ao risco hídrico baixas, como AT&T Corp., Microsoft Corp. e Citigroup Inc.
O TSC U.S. Water Security Net Return Index, ligado às empresas americanas, gerou um retorno acumulado de 116,5% entre sua criação em outubro de 2015 e fevereiro de 2021, em comparação com um ganho de 104% do índice S&P 500, indicador financeiro composto pelas quinhentas maiores empresas listadas nas bolsas americanas NYSE e NASDAQ e considerada a maior carteira teórica de ações do mundo, com empresas bastante conhecidas como Nike, Apple e Google.
Outro fundo americano, o “ETF Invesco Water Resources”, o maior que acompanha o índice “Nasdaq OMX U.S. Water Index” e investe em empresas que fabricam produtos para conservar e purificar água para residências, empresas e indústrias, subiu a uma taxa anual de 17,8% nos últimos cinco anos, batendo o avanço de 16,3% do S&P 500.
Aqui no Brasil, um estudo realizado pela Ágora Investimentos concluiu que a adoção de práticas ESG por empresas traz diversos impactos positivos, de vantagens competitivas a maior lucro, melhora na reputação e no valuation ao longo do tempo.
Já dados de uma pesquisa da Cone Communications indicam que 73% dos jovens adultos pagariam mais por produtos ou soluções sustentáveis.
Desde 2005, quando a pauta ESG foi estabelecida pela ONU, a B3 utiliza o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) para categorizar as empresas de capital aberto listadas na bolsa que mais incorporam bons valores ambientais, sociais e de governança.
Da criação do índice até hoje, a carteira ISE3, composta atualmente por companhias como AES Tietê, B2W, Braskem, Engie, Natura, Petrobras Distribuidora e outras, apresentou uma rentabilidade de 296% contra 223% da carteira formada pelas ações que compõem o índice Ibovespa.
Já está claro: investir em sustentabilidade não é moda, e sim uma questão de sobrevivência e lucro. E, para atingir esses objetivos, a bola da vez é segurança e eficiência hídrica.
Principais práticas de segurança hídrica para empresas
A falta de água e sua baixa qualidade causam muitos prejuízos às indústrias. Por isso, é de extrema importância que as empresas saibam utilizar esse recurso de maneira eficiente e sustentável.
De acordo com uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial (FEM) de 2015, 68% dos entrevistados - profissionais de 573 empresas, detentoras de U$ 60 trilhões de ativos ao todo – acreditam estar “expostos ao risco hídrico”.
No âmbito nacional, segundo o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), uma pesquisa da indústria sugeriu que um possível racionamento de água afetaria drasticamente a saúde financeira de 29,5% das companhias.
Confira algumas soluções para ter aumentar a segurança hídrica de seu negócio:
Reuso
O reuso de água, através de captação de água da chuva e principalmente do tratamento de efluentes, pode contribuir para a segurança hídrica de várias formas.
Uma delas é evitando o desperdício de água potável e diminuindo o consumo de água das empresas. No caso dos efluentes tratados, também evita o lançamento de resíduos na natureza e a poluição de rios e lagos.
De acordo com um estudo do CNI, o reuso de águas cinzas é capaz de proteger as indústrias de eventos de escassez. Também pode ajudá-las a economizar até 40% de água.
Investimento em tecnologias sustentáveis
Diversas tecnologias possibilitam um monitoramento constante do abastecimento e do tratamento de água.
Esse monitoramento é útil para medir o consumo, identificar pontos de desperdício ou vazamento, evitar falhas e gerar relatórios com dados históricos a fim de otimizar a produção e o uso de água.
O sistema de telemetria baseado em IoT (Internet das Coisas) é uma dessas tecnologias com grande potencial de aumentar a sustentabilidade e gerar economia de água em empresas.
Gestão sustentável de recursos hídricos
É importante que seu negócio tenha uma gestão sustentável de recursos hídricos. Isso significa, entre outras coisas, fazer um balanço hídrico regular, implementar práticas de economia e eficiência hídrica e monitorar possíveis eventos e corpos hídricos críticos para seu negócio.
O balanço hídrico mostra quanta água sua empresa consome e onde. Assim, você pode identificar pontos ou processos nos quais pode diminuir ou otimizar o uso de água. Essa avaliação – bem como as tomadas de decisões - podem ser feitas com a ajuda do monitoramento via IoT, por exemplo.
Também é importante se informar dos riscos hídricos de sua região, como a situação dos rios, lagos e/ou reservas subterrâneas dos quais a água que você utiliza é captada, ou o risco de escassez por conta do regime de chuvas, por exemplo.
Se munir de dados e conhecimento é um passo essencial para ter um bom planejamento de uso e armazenamento de água, bem como para direcionar os seus investimentos nesta área.
Está em busca de segurança hídrica para seu negócio?
Se o seu negócio utiliza grandes quantidades de água, você provavelmente tem a preocupação de ficar sem esse recurso essencial.
Infelizmente, o planejamento de segurança hídrica para empresas e indústrias não é tão simples e com frequência exige conhecimentos técnicos e grandes investimentos.
Uma solução inovadora para esse problema é o modelo de negócios WAAS (“Water as a Service”), operado pela concessionária de saneamento particular NeoWater.
O WAAS é ideal para empreendimentos que querem gerenciar seus riscos hídricos e economizar na conta de água.
Nessa modalidade, a NeoWater projeta, implementa, opera e mantém diferentes soluções personalizadas para sua empresa, com investimentos próprios.
Essas soluções podem incluir desde poços artesianos e captação de água da chuva até estações de tratamento de água e efluentes, reuso, monitoramento do abastecimento via IoT e outras ferramentas de gestão hídrica inteligente.
O objetivo é tornar o seu negócio autossuficiente em água, com sustentabilidade e economia na conta, ou seja, pagando menos do que o valor atual de sua conta de água.
Quer saber mais sobre o WAAS? Entre em contato conosco! Será um prazer ajudá-lo a ter mais segurança hídrica e crescer o seu negócio com sustentabilidade.